— Mesma terrorista da semana passada? — Jaques perguntou, coçando sua barba mal feita enquanto se aproximava de Lara para poder dar uma olhada no que a Hacker da Star Cops analisava.
Lara acenou uma confirmação com a cabeça e o deixou pegar o tablet que ela tinha nas mãos. A tela mostrava o exato momento em que a lanchonete havia explodido. Dos escombros, uma mulher de cabelos vermelhos que cobriam apenas metade de sua cabeça se ergueu e caminhou para a rua como se nada tivesse acontecido. Com suas roupas praticamente inexistentes os dois puderam ver que os dois braços e uma perna dela eram feitos de algum tipo de liga metálica.
— Este é o momento em que os Greens Horns tentam pega-la. — Lara disse, chamando a atenção de Jaques para um grupo de trolls de motocicleta que estacionaram nas proximidades e desceram atirando com tudo o que tinham contra a mulher de cabelos vermelhos.
— Os desgraçados não tiveram a menor chance. — O detetive disse, vendo disparo após disparo ricocheteando no corpo do alvo dos trolls. A mulher nem ao menos olhou na direção deles, deixando a cena do crime com um pulo que a levou para o alto e para longe das câmeras de segurança que filmavam o evento.
Jaques seguiu a direção do salto com os olhos, viu um prédio do outro lado da rua e imaginou que a garota deveria ter pousado no telhado sem muitos problemas.
— É a terceira vez que ela explode algum lugar da cidade e ainda não fazemos ideia de seus motivos. Primeiro foi um armazém velho na zona dos Coelhos vermelhos, depois o escritório de advocacia na rua 5 e agora esta lanchonete. Qual é a porra da ligação? — O detetive resmungou.
Lara não lhe deu atenção e pelo modo como os olhos da garota brilhavam feito uma noite de boate, ele soube que ela não estava mais no mesmo mundo que ele. Sem se incomodar com as faltas de modos dela, ele continuou a analisar a cena do crime. O lugar em chamas era apenas uma lanchonete de quinta categoria. Será que sua criminosa tinha problemas com o cardápio deles?
Segundo os registros, a explosão fizera doze vítimas entre funcionários e clientes. Doze pessoas que viviam na pior área da cidade e para as quais ninguém dava a menor importância.
— Porque ela não tem problemas em matar inocentes dentro dos locais, mas não revida quando confrontada por gangues ou qualquer outra pessoa? — Jaques voltou a falar sozinho, um hábito que considerava marca registrada de sua profissão.
— Acho que o importante não é quem estava nos estabelecimentos, mas os lugares em si. — Lara disse, retornando de seja lá o que estivesse fazendo na Matrix.
— Finalmente encontrou algo de interessante? — O detetive quis saber.
— Pedi ajuda a uns conhecidos aqui e ali. Um deles cavou fundo e me trouxe uma conexão entre as três explosões. Cinquenta anos atrás todos estes lugares pertenceram aos laboratórios NewLife. Já ouviu falar? Não me lembro de já ter visto algo sobre eles na rede.
Jaques riu e pegou um cigarro no bolso do sobretudo.
— Eu ia ficar surpreso de você já ter ouvido falar. A New Life foi pro saco a quase trinta anos, bem antes da instalação da Matrix, dos registros forçados e da invasão extra terrestre de 3055. Com tanta coisa mais “legal” para ler e se informar, porque a garotada de hoje iria se importar com uma empresa de bio tecnologia que faliu por má administração?
Lara deu de ombros.
— Bom, agora vou ter que me interessar. Se meu contato estiver certo, nossa terrorista está explodindo antigos endereços da New Life. E adivinha o que está no lugar do departamento principal desses caras?
Lara tomou o tablet das mãos de Jaques e puxou uma imagem que fez o detetive xingar sete deuses diferentes.
— A central de energia? Ela não seria maluca. Uma explosão lá e os danos poderiam mandar metade da cidade pelos ares. – Ele disse.
— Não acho que estamos lidando com alguém em seu juízo perfeito. — Lara respondeu.
Jaques começou a caminhar de volta a seu carro e fez sinal para que a parceira o seguisse.
— Nesse caso, melhor não arriscarmos. Só que essa mulher não é algo com o que a polícia consiga lidar com as armas ridículas que nos dão. Está na hora de jogar uma recompensa no mercado negro e torcer para que algum idiota bem equipado e sem amor pela vida decida pegar o trabalho.
Uma forte chuva caiu sobre a cidade, encharcando os dois antes de chegarem até seu veículo, mas Jaques nem se importou. Se não pudesse acabar com sua misteriosa terrorista à tempo, roupa molhada seria o menor de seu problemas.

Conto inspirado na arte de Rob Shields
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Eita, que baita plot hein!!!!
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Eu já narrei esse plot em uma mesa solo de evento de rpg, foi muito legal!
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