Vingadores de Gaia

Nosso ônibus espacial se conectou com sucesso à base de pesquisas avançada da ONU e eu e Parker fizemos uma última revisão em nossas armas. Nossa missão, até aqui, era um sucesso, mas isso não eliminava o nervosismo que sentia e a sensação de que a qualquer momento tudo iria para os infernos. Invadir uma instalação da NOVA VIDA não era um trabalho fácil.

Claro, o logotipo do lado de fora da estação dizia que aquela era uma propriedade da ONU, mas todos sabiam que a NOVA VIDA era o mestre que puxava as cordas por trás da organização. Poucas empresas ou governos do mundo não estavam no bolso da mega corporação cujo objetivo final era “renovar a vida sustentável no planeta”.

— Pronta para colocar um fim em tudo? — Parker perguntou, me tirando de meus pensamentos.

— Não, mas precisamos fazer o trabalho de um jeito ou de outro. — Falei e apontei meu rifle de assalto na direção das comportas que logo permitiriam a nossa passagem.

Um visor acima da porta ficou verde e elas deslizaram para os lados. Nós começamos a atirar. Sem dó e nem piedade, sem olhar quem estava na frente. A missão era de eliminar todos na estação e explodir o lugar. Uma ação rápida e certeira, sem erros.

Gritos tomaram conta de cada corredor e sala da estação e abrimos nosso caminho até a ala da diretoria. Desta vez as portas não se abriram, mas Parker cuidou delas com um tiro de munição explosiva.

Apenas uma pessoa estava nos esperando ali. Exatamente quem eu queria ver. Doutor Herrison Gott, o líder de pesquisa da NOVA VIDA. O desgraçado fazia parte da cúpula interna da mega corp, sendo uma das cabeças responsáveis por cada diretriz da companhia. Ele fora o mandante do bombardeio que varreu a costa leste dos Estados Unidos do mapa à dois anos atrás. Ele era o responsável por tudo o que eu perdi e agora estava prestes a sentir a minha vingança.

— Seja bem vinda capitã Laura Bentt, ou devo me referir a você por seu pseudomino na comunidade terrorista? Anjo da morte. Estava ansioso para conversar com você.

O sorriso presunçoso no rosto dele me irritava, mas pior do que isso, despertou meu sentido de “vai dar merda”.

— Qual parte dos gritos lá fora e do rifle em minhas mãos te fez pensar que vim aqui para bater papo?

O homem me dirigiu um olhar triste e caminhou na minha direção. Atirei, não quis saber de nada, apenas esvaziei o meu cartucho naquele maldito.

Só que nada aconteceu, não escutei nenhum tiro e de repente o peso da arma em minhas mãos desapareceu. Meu rifle não estava em nenhum lugar e até mesmo Parker havia sumido.

— Mas o que? — Perguntei e me dei conta de que estava sentada.

Me vi em uma poltrona branca, com minhas pernas e braços presos por cintos de segurança bem apertados. Herrison ainda estava na minha frente, com uma seringa na mão. Vi um estranho líquido esverdeado e brilhante contido nela.

— Já passamos pelo processo de remodelagem mental três vezes e você ainda chega até aqui com o objetivo de destruir tudo. Temo que desta vez vamos ter que apagar de suas memórias a existência de Parker, claramente ele é uma má influência na sua vida. — Herrison disse e me espetou com a agulha no meu braço direito.

— O que você está fazendo? Como cheguei aqui? — Tentei me libertar, mas foi um esforço inútil.

— Bom, você e Parker chegaram aqui à dois meses atrás. Seus planos eram óbvios demais, fico feliz que tenhamos impedido o pior. Ficamos realmente surpresos por vocês terem conseguido se passar por uma de nossas equipes de campo, isso foi realmente impressionante.

Pisquei algumas vezes para tentar absorver o que havia escutado.

— Dois meses? — Sussurrei.

— Sim, nós apagamos vocês ainda dentro do ônibus espacial. Suas munições também foram uma surpresa desagradável, de onde conseguiram ferro puro de Tir Na Nog? Esse é outro mistério que precisamos desvendar, eu e você. O seu grupo tem se mostrado o mais eficaz até o momento, mas precisam entender que nada vai nos impedir, a nossa missão segue conforme os planos oficiais e nada vai mudar isso.

A raiva me dominou e puxei minhas amarras. Novamente, sem sucesso algum.

— Nós vamos colocar um fim em vocês e em seja lá o que diabos acontece aqui dentro! Vocês não vão despertar Gaia!

Ao mencionar o nome da deusa da terra, Herrison fixou seus olhos verdes em mim. Algo em sua expressão me aterrorizou.

— Despertar Gaia? É isso que vocês acreditam que fazemos aqui? Não podemos despertar uma deusa morta. A humanidade matou Gaia anos atrás, por que acha que a magia começou a definhar? Por acaso você pensa que seres imortais passaram a conhecer a morte por mero acaso? Você… — Ele se interrompeu e respirou fundo.

Um silêncio desconfortante caiu sobre a sala. Só depois de se recompor é que Herrison voltou a falar.

— A terra precisa de uma nova Gaia. Nós precisamos expandir a exploração espacial para além de Marte. Algum dos outros planetas desta galáxia deve ter um deus vivo dentro de seu núcleo e nós vamos encontrá-lo. Quando o núcleo da terra tiver um novo deus a magia retornará e o poder das fadas será restaurado.

— Vocês querem trazer um deus alienígena para cá? — Perguntei com esforço. Os olhos dele ainda me enchiam de horror e até formular aquelas poucas palavras foi um desafio.

— Não se trata de querer, é um último recurso. Precisamos desfazer a merda que a humanidade fez e quando tivermos limpado a sua bagunça… — Herrison voltou a sorrir e tocou minhas bochechas com sues dedos longos e finos. — Então será a hora de tirar sua espécie do jogo da vida. Agora, que tal voltarmos aos seus sonhos e memórias? Preciso trabalhar mais na sua vontade em colaborar conosco e meus chefes adorariam saber o nome de seu fornecedor de armas.

Tentei gritar, mas não consegui. Meu mundo ficou muito frio e mergulhei na escuridão.

Quando voltei a abrir meus olhos estava de volta ao ônibus espacial. Thomas, de pé ao meu lado, perguntou.

— Tem certeza de que eles vão nos ouvir? Não vejo motivo para agentes da NOVA VIDA perderem seu tempo com dois terroristas.

O encarei, apreensiva. Algo sobre o mercenário me incomodava, mas hoje eu não podia dar atenção a esse sentimento. Tinha coisas mais importantes para fazer.

— Confie em mim, eu sei que posso lhes dar um motivo. — Respondi.

Sorrindo, ele deu de ombros e disse.

— Confio em você capitã. Sabe que eu te seguiria até o inferno.

Olhei para o visor acima da porta e ele brilhou com uma luz verde. Estava na hora de colocar um fim nesta história. Hoje iriámos fazer a diretoria da NOVA VIDA nos ouvir de um jeito ou de outro.


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