Paul colocou as mãos enluvadas dentro do bolso do casaco para espantar o frio. Ao seu lado os seus companheiros sofriam do mesmo mal. De alguma forma, o frio do inverno de Vancouver conseguia ficar pior diante da casa Saltman. Uma casa que era uma lenda urbana, aparecendo somente em noites de lua cheia para atrair curiosos.
Mesmo quando a família Saltman demoliu a construção, apenas um ano depois, a casa voltou a aparecer. A cada aparição, novas vítimas. Aquele era um mistério que a agência de investigação sobrenatural ORTHES S.A estava lá para desvendar.
— Será que todo mundo consegue ver a casa aqui ou apenas sensitivos como nós enxergam além do terreno baldio? — Jenna, a novata do time, perguntou.
— Pela quantidade de desavisados que já tentaram desvendar seu mistério eu diria que até mesmo descrentes conseguem vê-la. Acho que a casa gosta de ser vista. — Paul respondeu e caminhou para a entrada.
— As histórias deste lugar datam de quase dez anos atrás. Não somos os primeiros a tentar descobrir o que acontece aqui. O que te faz pensar que não seremos as próximas vítimas? — Efran, um velho policial aposentado questionou.
Paul considerou a pergunta por um tempo, o grupo já estava na sala e não demorou para a casa os recepcionar. Em um dos corredores um agrupamento horripilante de braços sem corpos tentava se aproximar deles. Cada uma das mãos parecia gritar por ajuda.
— Os que vieram antes de nós acreditavam lidar com um demônio, algum espírito perturbado ou até mesmo algo alienígena. Todos estavam errados. O que causa as idas e vindas desta casa ainda está aqui e está vivo. Eu acredito que o filho do primeiro casal a viver aqui ainda está perdido nesta casa e dentro de sua cabeça fragmentada por suas diversas personalidades. Sua magia apenas é tão caótica quanto sua mente quebrada. Ele não precisa de um exorcismo, precisa de ajuda. — Paul finalmente revelou sua teoria sobre a casa Saltman.
— E se você estiver errado? — Jenna perguntou.
Paul não respondeu.