O assassino dos anjos


A cada nova vítima as vozes ficavam piores na cabeça de Daniel. Quantas delas dividiam espaço com seus pensamentos? O assassino dos anjos não fazia ideia.

Ele estava cansado, mas o que poderia fazer? Quando um dos anjos do Senhor bate à sua porta e diz que Deus solicitou sua ajuda, recusar não era uma opção.

Deus não pede, ele decreta.

Desde que Daniel recebera a Magnum 44 com a caixa de balas de metal celestial, o Assassino dos Anjos já havia gastado dez balas. Uma para cada vítima.

Segundo o anjo, seus alvos eram humanos que a brigavam demônios em suas almas. Elas já estavam perdidas e ele era a ferramenta de Deus na terra. O agente de sua fúria divina.

Aquelas mortes eram necessárias. Ele era necessário.

— Eu só gostaria que cada pessoa carregasse apenas um demônio em sua alma. — Daniel disse para seu reflexo abatido.

Ele também teria gostado que os anjos o tivessem avisado que após a morte do hospedeiro original esses mesmos demônios seriam aprisionados em sua cabeça. Seus sonhos eram verdadeiros pesadelos desde então.

A dor de cabeça, já companheira, ameaçou piorar. A dor fez uma veia saltar na testa do assassino dos Anjos. Ele já estava ficando preocupado. Se morresse, o que seria dos demônios presos em sua cabeça que não paravam de sussurrar coisas terríveis? Ou pior, o que seria de sua alma se ele não conseguisse mais resistir aos pedidos desses monstros do abismo? 


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